lunedì 6 giugno 2011

36º Programa - Dizer Poesia: Cesário Verde

DIZER POESIA
Isabel Branco
Os autores lusofonos na RDP Internacional


DIZER POESIA è un programma radiofonico dedicato alla poesia lusofona. Lo conduce la poetessa Isabel Branco alla RDP Internacional, la radio di lingua portoghese più ascoltata al mondo. La conduttrice guida gli ascoltatori alla scoperta dei poeti del mondo lusofono, presentando ogni settimana un Autore diverso di cui legge anche alcune poesie.

Il programma, DIZER POESIA, va in onda ogni venerdì sulla RDPI, alle 01.30, 15.30 e 00.13, ora italiana. In Italia è possibile seguire il programma online (in diretta o registrato) sul sito della RTP, Rádio e Televisão de Portugal, o attraverso la TV satellitare (per chi usa la piattaforma Sky, basterà effettuare la ricerca dei canali stranieri con il decoder).

Nell'ultimo programma, andato in onda lo scorso 3 giugno, Isabel ha presentato José Joaquim Cesário Verde, di cui ha recitato Contrariedades. Il poeta nacque nel 1885 a Lisbona da ricchi commercianti d’origine contadina. Cominciò a pubblicare versi nel 1873, quando si iscrisse alla Facoltà di Lettere, che abbandonò l’anno seguente. Borghese progressista, antisentimentale e realista, riuscì a rompere con l’eredità romantica, rinnovando lo stile tradizionale della poesia portoghese. Partendo dalla poesia umoristica, collegata al gusto dei satirici del suo tempo e specialmente di J. Penha, Verde si volse a una lirica ispirata alla vita della città moderna, sottolineandone sia gli aspetti di lotta sociale sia quelli di tedio e solitudine. Morì nel 1886 a Lumiar, a soli trentun’anni, colpito dalla tubercolosi. La fortuna del poeta iniziò post mortem. Aveva composto versi per tutta la vita, ma le sue poesie erano state pubblicate solo su giornali e riviste. L’anno successivo alla sua morte fu pubblicato O Livro de Cesário Verde, la sua prima raccolta poetica. L’edizione fu realizzata da Silva Pinto, il suo principale amico e sostenitore. Si trattò di un’edizione fuori commercio di soli duecento esemplari destinati ad amici e sostenitori del poeta. Nel 1919 un incendiò distrusse la sua residenza di Linda-a-Pastora, dove il poeta aveva trascorso in isolamento gli ultimi anni della sua vita, e con la casa andò perduta per sempre la sua immensa produzione letteraria inedita. Nel 1963 venne pubblicata per la prima volta a Lisbona la Obra Completa de Cesário Verde, a cura di Joel Serrão, più volte ripubblicata fino ad oggi, contenente l'intera produzione edita del grande poeta portoghese. Esercito una viva influenza su Fernando Pessoa e, in generale, sulla generazione dell’«Orpheu».

Come di consueto, in chiusura di programma, Isabel Branco ha recitato una sua poesia. Questa volta la scelta è caduta su Aquela Rua.

Ascolta la registrazione:
36º Programa - Dizer Poesia: Cesário Verde

Cesário Verde - Contrariedades

Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;
Nem posso tolerar os livros mais bizarros.
Incrível! Já fumei três maços de cigarros
Consecutivamente.

Dói-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos:
Tanta depravação nos usos, nos costumes!
Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes
E os ângulos agudos.

Sentei-me à secretária. Ali defronte mora
Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes;
Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentes
E engoma para fora.

Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas!
Tão lívida! O doutor deixou-a. Mortifica.
Lidando sempre! E deve conta à botica!
Mal ganha para sopas...

O obstáculo estimula, torna-nos perversos;
Agora sinto-me eu cheio de raivas frias,
Por causa dum jornal me rejeitar, há dias,
Um folhetim de versos.

Que mau humor! Rasguei uma epopeia morta
No fundo da gaveta. O que produz o estudo?
Mais uma redacção, das que elogiam tudo,
Me tem fechado a porta.

A crítica segundo o método de Taine
Ignoram-na. Juntei numa fogueira imensa
Muitíssimos papéis inéditos. A Imprensa
Vale um desdém solene.

Com raras excepções, merece-me o epigrama.
Deu meia-noite; e a paz pela calçada abaixo,
Um sol-e-dó. Chovisca. O populacho
Diverte-se na lama.

Eu nunca dediquei poemas às fortunas,
Mas sim, por deferência, a amigos ou a artistas.
Independente! Só por isso os jornalistas
Me negam as colunas.

Receiam que o assinante ingénuo os abandone,
Se forem publicar tais coisas, tais autores.
Arte? Não lhes convém, visto que os seus leitores
Deliram por Zaccone.

Um prosador qualquer desfruta fama honrosa,
Obtém dinheiro, arranja a sua "coterie";
E a mim, não há questão que mais me contrarie
Do que escrever em prosa.

A adulaçãao repugna aos sentimento finos;
Eu raramente falo aos nossos literatos,
E apuro-me em lançar originais e exactos,
Os meus alexandrinos...

E a tísica? Fechada, e com o ferro aceso!
Ignora que a asfixia a combustão das brasas,
Não foge do estendal que lhe humedece as casas,
E fina-se ao desprezo!

Mantém-se a chá e pão! Antes entrar na cova.
Esvai-se; e todavia, à tarde, fracamente,
Oiço-a cantarolar uma canção plangente
Duma opereta nova!

Perfeitamente. Vou findar sem azedume.
Quem sabe se depois, eu rico e noutros climas,
Conseguirei reler essas antigas rimas,
Impressas em volume?

Nas letras eu conheço um campo de manobras;
Emprega-se a "réclame", a intriga, o anúncio, a "blague",
E esta poesia pede um editor que pague
Todas as minhas obras...

E estou melhor; passou-me a cólera. E a vizinha?
A pobre engomadeira ir-se-á deitar sem ceia?
Vejo-lhe a luz no quarto. Inda trabalha. É feia...
Que mundo! Coitadinha!

Isabel Branco
È nata a Lobito (Angola). Ha trascorso gran parte della sua infanzia e adolescenza a Nova Lisboa, che amerà per sempre. Ha sofferto gli orrori e le separazioni della guerra. È stata anche nell’Africa del Sud, dove ha lavorato per qualche tempo. Dal 1977 vive in Portogallo. Lavora alla RTP e scrive poesie. Ha pubblicato due libri e altri ne seguiranno. Adora la fotografia e “guardare al mondo con i propri occhi”.

Leggi anche:
DIZER POESIA - Isabel Branco e la grande poesia lusofona alla RDP Internacional
Tutti i venerdì, alle 01.30, 15.30 e 00.13, ora italiana
Il link per seguire DIZER POESIA sul sito della RTP
(con le registrazioni di tutto il ciclo dei programmi gia andati in onda):

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