Até 15 de Fevereiro de 2012
Casa da Galeria - Centro de Arte Contemporânea
Santo Tirso - Região Norte do Distrito do Porto
www.casadagaleria.com
Com a exposição “Rastos ”, Emerenciano partilha connosco algumas obras do seu longo percurso de vida e de artista.
O que o move? Uma grande inquietação, uma procura quase obsessiva por um significado, para esta viagem, em que a sua Obra (seja a pintura ou a escrita) se confundem com a sua vida.
Como todas as viagens, tem um lado exterior - a Odisseia, cheia de peripécias, encontros e desencontros, naufrágios, rupturas, ilhas de estabilidade ou de esquecimento (lèthe), contra o qual Ulisses tanto lutou. E um lado interior, o bastidor, onde tecemos como Penélope, desfazemos e voltamos a tecer a urdidura da nossa vida, fazendo e desfazendo caminhos e oportunidades que nos levam de volta a casa, de volta a nós mesmos, à nossa verdadeira Natureza.
Curiosamente o termo grego para a verdade – alètheia, o levantar do véu do esquecimento ou da ignorância, designa o pôr em evidência uma realidade que escapa à percepção imediata, quer se trate de um acontecimento que só a palavra consegue descrever, ou de um detalhe que está debaixo dos nossos olhos mas não prestamos atenção.
Emerenciano diz-nos “as imagens são estados de paragem na minha viagem de dentro para fora e de fora para dentro”.
Mas tem ainda um segundo espelho por onde entra e sai desse mundo interior, que tenta expressar - a escrita.
As imagens, os fios coloridos de tinta que entretece nas telas, os símbolos depurados, condensação de imagens, arquétipos, são complementados pela escrita, pelas suas reflexões das quais são indissociáveis.
As obras são as pegadas, os rastos, que deixa no seu caminho; a Obra é num sentido mais alargado, os indícios, as alusões, o discurso e a sua contradição, metáforas, reflexão, perguntas sem resposta, respostas por enigmas…
É o que não foi pintado ainda, nem expressado; é o que os outros lêem nas suas obras, dando-lhe outros sentidos, que a ambiguidade (irredutível) da obra permite; é o que ficou por fazer; é a Unidade subjacente às múltiplas formas do Múltiplo; ou mais radicalmente é a verdade que não se deixa dizer directamente.
Emerenciano
Nasceu em Ovar em 1946.
Tem o curso de Pintura Decorativa da Escola de Artes Decorativas Soares do Reis, e a licenciatura em Artes Plásticas (pintura), concluída em 1976 na Escola Superior de Belas-Artes do Porto.
Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, instituição que lhe concede ainda um subsídio de investigação e outro de viagem de estudo que realiza a Paris em 1986.
A partir de 1973 define por aproximação à escrita a sua pintura, título de uma exposição individual, a primeira que realiza na cidade do Porto (Galeria Módulo) em 1979.
Em 1980 inicia a participação regular em exposições internacionais de Arte-Postal e de Poesia Visual, aceitando os convites que lhe são dirigidos, e a motivação constitui factor suficiente de realização de afins desenvolvimentos próximos da poética dos correios, caracterizada pelo pequeno formato, envelope, bilhete postal, selo, e carimbo.
Participa em 2000, em representação da Câmara Municipal de Ovar, num Plenário Internacional de Artistas que decorreu na cidade de Pernik (Bulgária).
Está representado em diversas colecções publicas e privadas, em Portugal e outros países.